segunda-feira, 19 de setembro de 2011

O Bina - Identificador de chamada telefônica

Alexander Graham Bell entrou para a História como o inventor do telefone graças a um lance de sorte. Chegou ao American Patent Office, o instituto americano de patentes, três horas antes de seu rival, Elisha Gray, dono de um projeto idêntico do aparelho. Graham Bell tornou-se mundialmente conhecido. Gray submergiu no anonimato. O Brasil registra um caso semelhante no campo da telefonia. O ex-técnico da Telebrás Nélio José Nicolai, 58 anos, foi o inventor do bina, aparelho que identifica o número de origem das chamadas. Ele desenvolveu o princípio do identificador em 1977.

Em 1980, registrou a invenção no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi). Dois anos depois, fez o primeiro bina industrial. Era um trambolho. O aparelho, enorme, ocupava uma mesa. Via-se o telefone de quem ligava através de um visor extraído de uma antiga máquina de calcular. O número saía impresso na bobina, como o resultado de uma conta qualquer. Nicolai batizou a máquina com o título B Identifica o Número de A, cujas iniciais resultaram na sigla Bina.

"Na década de 80, havia um consenso de que identificar as chamadas era quebra de sigilo", conta. "Por isso, a invenção perdeu força." A convite de grandes empresas de telefonia, Nicolai mostrou seu invento a platéias dos Estados Unidos, do Canadá e da Alemanha. Mas não tinha dinheiro para produzir o aparelho e colocá-lo no mercado. Em 1988, os americanos lançaram o caller, com o mesmo princípio do bina. Hoje, 65 milhões de telefones nos EUA têm o identificador.

Em 1996, Nicolai ganhou por sua invenção o prêmio da World Intellectual Property Organization (Wipo), organização internacional de propriedade intelectual. Mas não recebe um centavo em royalties. Entrou com processo contra a Anatel, decidido a garantir os direitos sobre sua invenção ao menos no interior das fronteiras do Brasil. "Se eu ganhasse um dólar para cada bina instalado, emprestaria dinheiro a Bill Gates", devaneia. Técnico em telecomunicações, mora em Brasília. Trabalha para uma empresa de Santa Catarina e segue exercitando sua inventividade. No momento, desenvolve um software para identificar a origem de e-mails. Um bina para computadores.

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