terça-feira, 20 de março de 2007

Brasil e EUA debatem terror na Tríplice Fronteira

O ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, dirá amanhã ao secretário da Justiça dos EUA, Alberto Gonzales, que o Brasil tem sido vigilante na Tríplice Fronteira (com Argentina e Paraguai) e nunca identificou indícios de que a região seja utilizada como base para o terrorismo islâmico.

Thomaz Bastos relatará, ainda, a viagem que o diretor-geral da Polícia Federal, delegado Paulo Lacerda, fez anteontem ao Paraguai para a instalação de uma espécie de comitê dos três países para intensificar a vigilância sobretudo sobre tráfico de drogas.

A questão da Tríplice Fronteira é sempre um divisor de opiniões entre Washington e Brasília, pois o governo George W. Bush trabalha há anos com a possibilidade de a área ser um foco de infiltração e de financiamento de terroristas internacionais, sobretudo islâmicos. O Brasil nega.

Os ministérios da Justiça, da Defesa e das Relações Exteriores já produziram diversos documentos oficiais e extra-oficiais e de tempos e tempos fazem exposições orais para autoridades norte-americanas, garantindo que o dinheiro que os imigrantes árabes que vivem na fronteira com Argentina e Paraguai enviam ao Oriente Médio vai para suas famílias. São remessas pessoais.

O único setor do governo brasileiro que ainda tem dúvidas sobre a possibilidade de focos terroristas na área é o GSI (Gabinete de Segurança Institucional), que não tem voz expressiva no Planalto.

Troca na Justiça

O ministro Tarso Genro (Articulação Política) participará da conversa, o que é considerado uma sinalização de que ele será mesmo o substituto de Thomaz Bastos na Justiça -algo não confirmado oficialmente. A hierarquia norte-americana foi avisada de que Gonzales seria recebido "pelo atual e pelo futuro ministro da Justiça", conforme informação enviada pela Embaixada do país em Brasília.

Gonzales visita o Brasil amanhã e sexta-feira e, além de Brasília, irá ao Rio. Oficialmente, Gonzales pretende focalizar a cooperação na aplicação da lei e nos direitos de propriedade intelectual -ou seja, no combate à pirataria.

Além desses temas, os EUA têm uma preocupação muito particular com crime organizado, lavagem de dinheiro e tráfico de drogas, e a intenção é aprofundar acordos e parcerias nessas áreas.

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